sábado, 12 de janeiro de 2008

O Medo do Não

Se querem saber isto da Europa e do sonho europeu não me diz muito. Acho que é uma daquelas situações que nos são impostas e com as quais temos de viver o melhor possível. Não é mais que o El Dorado dos políticos europeus que almejam um tachito nas instituições europeias.

Mas quando me querem meter os dedos nos olhos fico chateado...

O tratado de Lisboa, que deu ao nosso primeiro inúmeras oportunidades de fazer figuras ridículas, foi assinado à pressa com acordos por debaixo da mesa tendo a Grã- Bretanha, como de costume, ficado fora de grande parte das cláusulas. Agora colocava-se a difícil questão do que fazer com os povos europeus, com as suas opiniões sobre este projecto, e com o seu consentimento com as medidas e normas comummente aceites pelos seus líderes.

O tratado que já foi constituição para voltar a ser tratado, aborda na verdade matérias constitucionais como os direitos liberdades e garantias e como a transferência de soberania dos países para a união.

Em Portugal a questão empolga porque o povo nunca foi chamado a pronunciar-se sobre a união europeia apenas sentiu uma enchorrada de novas leis, quotas para isto e para aquilo, o euro, a entrada de empresas estrangeiras que se comportam pior que as nacionais, etc... Em 1986 éramos muito estúpidos para referendar a adesão de Portugal à CEE e em 2008 somos ainda estúpidos demais para referendar a ratificação de um tratado que nos vai afectar a todos. Parece que ou ficámos na mesma ou estupidificámos à custa de tanto estúpido eleito. A ratificação pelo parlamento não me satisfaz porque não votei nos partidos do bloco central (que vão dar as mão para a ratificação) e não satisfaz aqueles que se abstêm com certeza, ou que já não se sentem representados pelos seus parlamentares.

Uma Europa que cada vez mais faz arranjinhos nas costas dos seus eleitores não me parece que tenha muitas "pernas para andar". Dou-lhe, no máximo, mais 20 anos de vida, a não ser que haja uma inversão total das consciências que governam.